UNESP 2016 – Questão 19

Linguagens / Literatura
Leia um trecho do “Manifesto do Surrealismo”, publicado por André Breton em 1924.
 
Surrealismo: Automatismo psíquico por meio do qual alguém se propõe a exprimir o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento, na ausência de controle exercido pela razão, fora de qualquer preocupação estética ou moral.
O Surrealismo assenta-se na crença da realidade superior de certas formas de associação, negligenciadas até aqui, na onipotência do sonho, no jogo desinteressado do pensamento.
(Apud Gilberto Mendonça Teles,Vanguardaeuropeia e
Modernismo brasileiro, 1992. Adaptado.)
 
Tendo em vista as considerações de André Breton assinale a alternativa cujos versos revelam influência do Surrealismo.
a)
    O mar soprava sinos
    os sinos secavam as flores
    as flores eram cabeças de santos.
    Minha memória cheia de palavras
    meus pensamentos procurando fantasmas
    meus pesadelos atrasados de muitas noites.
(João Cabral de Melo Neto,
“Noturno”, em Pedra do sono.)

b)
    Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
    Minha mãe ficava sentada cosendo.
    Meu irmão pequeno dormia.
    Eu sozinho menino entre mangueiras
    lia a história de Robinson Crusoé.
    Comprida história que não acaba mais.
(Carlos Drummond de Andrade
“Infância”, em Alguma poesia.)

c)
    Quando o enterro passou
    Os homens que se achavam no café
    Tiraram o chapéu maquinalmente
    Saudavam o morto distraídos
    Estavam todos voltados para a vida
    Absortos na vida
    Confiantes na vida.
(Manuel Bandeira, “Momento num café”em Estrela da manhã.) UNESP 1ª FASE — NOVEMBRO/2015

d)
    Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
    onde as formas e as ações não encerram nenhum
[exemplo.
  Praticas laboriosamente os gestos universais, sentes    
calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo
[sexual.
(Carlos Drummond de Andrade,
“Elegia 1938”, em Sentimento do mundo.)

e)
   – Bem me diziam que a terra
     se faz mais branda e macia
     quanto mais do litoral
     a viagem se aproxima.
     Agora afinal cheguei
     nessa terra que diziam.
    Como ela é uma terra doce
    para os pés e para a vista.
(João Cabral de Melo Neto, “O retirante chega à Zona da Mata”,
em Morte e vida severina.)

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