UNIFESP port e inglês 2014 – Questão 9

Linguagens / Português
   O melro veio com efeito às três horas. Luísa estava na sala, ao piano.
   — Está ali o sujeito do costume – foi dizer Juliana.     Luísa voltou-se corada, escandalizada da expressão:      — Ah! meu primo Basílio? Mande entrar.
  E chamando-a:
  — Ouça, se vier o Sr. Sebastião, ou alguém, que entre.
  Era o primo! O sujeito, as suas visitas perderam de repente para ela todo o interesse picante. A sua malícia cheia, enfunada até aí, caiu, engelhou-se como uma vela a que falta o vento. Ora, adeus! Era o primo!
  Subiu à cozinha, devagar, — lograda.
  — Temos grande novidade, Sr.ª Joana! O tal peralta é primo. Diz que é o primo Basílio.
  E com um risinho:
  — É o Basílio! Ora o Basílio! Sai-nos primo à última hora! O diabo tem graça!
  — Então que havia de o homem ser se não parente? – observou Joana.
  Juliana não respondeu. Quis saber se estava o ferro pronto, que tinha uma carga de roupa para passar! E sentou-se à janela, esperando. O céu baixo e pardo pesava, carregado de eletricidade; às vezes uma aragem súbita e fina punha nas folhagens dos quintais um arrepio trêmulo.
  — É o primo! – refletia ela. – E só vem então quando o marido se vai. Boa! E fica-se toda no ar quando ele sai; e é roupa-branca e mais roupa-branca, e roupão novo, e tipoia para o passeio, e suspiros e olheiras! Boa bêbeda! Tudo fica na família!
  Os olhos luziam-lhe. Já se não sentia tão lograda. Havia ali muito “para ver e para escutar”. E o ferro estava pronto?
   Mas a campainha, embaixo, tocou.
(Eça de Queirós. O primo Basílio, 1993.)
Quando é avisada de que Basílio estava em sua casa, Luísa escandaliza-se com a forma de expressão de sua criada Juliana. A reação de Luísa decorre
a) da linguagem descuidada com que a criada se refere a seu primo Basílio, rapaz cortês e de família aristocrática.
b) da intimidade que a criada revela ter com o Basílio, o que deixa a patroa enciumada com o comentário.
c) do comentário malicioso que a criada faz à presença de Basílio, sugerindo à patroa que deveria envolver-se com o rapaz.
d) da indiscrição da criada ao referir-se ao rapaz, o qual, apesar do vínculo familiar, não era visita frequente na casa da patroa.
e) da ambiguidade que se pode entrever nas palavras da criada, referindo-se com ironia às frequentes visitas de Basílio à patroa.

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