Dedicatória
A pomba d’aliança o vôo espraia
Na superfície azul do mar imenso,
Rente... rente da espuma já desmaia
Medindo a curva do horizonte extenso...
Mas um disco se avista ao longe... A praia
Rasga nitente o nevoeiro denso!...
Ó pouso! ó monte! ó ramo de oliveira!
Ninho amigo da pomba forasteira!...
Assim, meu pobre livro as asas larga
Neste oceano sem fim, sombrio, eterno...
O mar atira-lhe a saliva amarga,
O céu lhe atira o temporal de inverno...
O triste verga à tão pesada carga!
Quem abre ao triste um coração paterno?...
É tão bom ter por árvore – uns carinhos!
É tão bom de uns afetos – fazer ninhos!
Pobre órfão! Vagando nos espaços
Embalde às solidões mandas um grito!
Que importa? De uma cruz ao longe os braços
Vejo abrirem-se ao mísero precito...
Os túmulos dos teus dão-te regaços!
Ama-te a sombra do salgueiro aflito...
Vai, pois, meu livro! e como louro agreste
Traz-me no bico um ramo de... cipreste!
(ALVES, C. Espumas flutuantes. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005. p.17.)
O poema é construído por muitas figuras de linguagens e recursos expressivos. A esse respeito, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.
( ) Em “Rente... rente da espuma já desmaia”, há prosopopeia, na qual é atribuída ao sujeito “espuma” uma ação humana: “desmaiar”.
( ) Em “Mas um disco se avista ao longe... A praia”, existe uma metáfora construída a partir do aspecto físico – arredondado – que tem o disco e também o contorno da praia.
( ) Em “Assim, meu pobre livro as asas larga” e “Pobre órfão! Vagando nos espaços”, o adjetivo “pobre”, empregado nesses dois versos, tem sentido denotativo porque é anteposto aos substantivos a que se refere.
( ) No verso “Vai, pois, meu livro! e como louro agreste”, tem-se um vocativo que personifica o objeto livro e uma comparação deste com a pomba citada no início do poema.
Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.
a) V, V, F, F.
b) V, F, V, F.
c) F, V, V, F.
d) F, V, F, V.
e) F, F, V, V.