INSTRUÇÃO: As questões seguintes são relacionadas a uma passagem bíblica e a um trecho da canção "Cálice", realizada em 1973, por Chico Buarque (1944 -) e Gilberto Gil (1942 -).
TEXTO BÍBLICO
Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha vontade, mas a tua seja feita! (Lucas, 22)
(in: Bíblia de Jerusalém. 7ª impressão. São Paulo: Paulus, 1995)
TRECHO DE CANÇÃO
Pai, afasta de mim esse cálice!
Pai, afasta de mim esse cálice!
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue.
Como beber dessa bebida amarga,
Tragar a dor, engolir a labuta,
Mesmo calada a boca, resta o peito,
Silêncio na cidade não se escuta.
De que me vale ser filho da santa,
Melhor seria ser filho da outra,
Outra realidade menos morta,
Tanta mentira, tanta força bruta.
(in: www.uol.com.br/chicobuarque/)
Um texto pode se revelar, na forma e/ou no conteúdo, como absorção e transformação de um ou mais textos. Por isto, quando ele é lido, algumas de suas partes podem lembrar o que já foi lido em outro(s) texto(s). A essa relação de semelhança e superposição de um texto a outro dá-se o nome de "intertextualidade". Inúmeros autores extraem desse procedimento interessantes efeitos artísticos. Comparando-se a primeira estrofe de "Cálice" com o texto bíblico, pode-se afirmar corretamente que
a) ocorre intertextualidade porque a estrofe contém, na forma e no conteúdo, parte da passagem evangélica.
b) não há intertextualidade porque, na estrofe, foi omitida a outra frase atribuída a Jesus.
c) não há intertextualidade porque, na estrofe, não há menção ao sentido condicional presente na primeira frase atribuída a Jesus.
d) ocorre intertextualidade, mas apenas quanto aos elementos morfossintáticos da frase atribuída a Jesus.
e) não há intertextualidade porque a estrofe transforma, semanticamente, a passagem evangélica, dando-lhe uma conotação política.