Educação pode mudar sua vida

Os 33 mineiros resgatados no Chile se recuperam nesta quinta-feira do seu drama e já se preparam para a vida de celebridade que os espera, após passarem 69 dias debaixo de uma montanha no deserto do Atacama. As autoridades dizem que a maioria deles está bem, mas um dos mineiros sofre de pneumonia e passa por tratamento com antibióticos. Todos continuam em recuperação num hospital de Copiapó, para onde foram levados depois do resgate que comoveu milhões de telespectadores no mundo inteiro.

As mesmas luzes artificiais dos holofotes midiáticos que iluminaram o deserto do Atacama por mais de dois meses permaneceram indiferentes a outro drama humano do Chile atual. Esse drama se desenrolava não muito longe dali, envolvendo 34 seres humanos em greve de fome por quase três meses. Trata-se
a) dos indígenas Mapuche, que reivindicavam direitos humanos, políticos e territoriais bem como o fim da aplicação, para suas comunidades ancestrais, da lei antiterrorista criada durante a ditadura de Augusto Pinochet. 
b) das comunidades extrativistas vinculadas à exploração do sal, que pediam maior apoio do governo em função das condições altamente insalubres de trabalho que têm provocado graves lesões no organismo dos trabalhadores, especialmente na pele e nos olhos.
c) dos habitantes da ilha de Páscoa, que protestavam pelo abandono com que têm sido tratados pelos últimos governos democráticos, tornando precárias as condições de vida e de saúde da comunidade Rapa Nui.
d) das esposas e familiares dos trabalhadores das minas, desesperados com as crescentes perdas de vidas humanas nos frequentes acidentes que ocorrem em função das desumanas condições de trabalho a que são submetidos por empresas mineradoras privadas.
e) dos estudantes das grandes cidades, que lutavam por um ensino mais qualificado na rede pública e protestavam contra as mudanças no sistema de transporte, tendo provocado inúmeros tumultos em que houve violenta ação dos policiais chilenos.