PUC -SP 2018 – Questão 74

Linguagens / Português
Formato global
Folha de S.Paulo, 08 out. 2017
Fernando Donasci/Folhapress
Vista aérea do centro de São Paulo

Eles estão convictos de que a Terra é plana, de que a gravidade não existe e de que está em curso um complô de cientistas e agências governamentais para nos convencer do contrário. Essa constitui mais uma das tribos exóticas que passaram a existir ou ganharam visibilidade com a internet.
No caso em tela, os movimentos terraplanistas modernos existem pelo menos desde os anos 50 e têm raízes no fundamentalismo bíblico; parecem viver, porém, um surto inflacionário, com proliferação de sites em que pretendem provar cientificamente que estão certos.
De tão absurda e facilmente desmontável, a tese nem mereceria comentário se esse tipo de coletividade virtual não fosse sintoma de um fenômeno mais geral que envolve o relacionamento de grupos no mundo digital.
Pelo lado positivo, ninguém mais está condenado à solidão. Ao conectar mais de 3 bilhões de pessoas em torno de qualquer tema, a internet torna quase impossível que até o mais heterodoxo dos pensantes não encontre alguém que defenda ideias tão excêntricas quanto as suas.
Isso se aplica a inclinações políticas, gostos artísticos, preferências sexuais. Trata-se de alternativa formidável a quem se vê incompreendido ou mesmo rejeitado por familiares e vizinhos.
Há, contudo, uma faceta menos brilhante nessa tendência. Devido a efeitos psicológicos frequentes nas interações entre indivíduos que pensam de forma muito semelhante e se isolam dos demais, não é incomum que tais comunidades se tornem cada vez mais radicais e descoladas da realidade.
Sob esse aspecto, o exemplo dos terraplanistas se afigura quase benigno. Suas ideias têm reduzido impacto prático e baixíssima chance de viralização.
Muito mais perigosas são as teses defendidas por militantes antivacinação ou mesmo por facções terroristas como o Estado Islâmico, que também se valem da rede mundial de computadores para difundir sua mensagem, conquistar e orientar adeptos. Aqui, toda a sociedade corre risco.
Também nesse caldo de cultura brotam as famigeradas “fake news”, notícias falsas criadas pela má-fé e propagadas em meio à balbúrdia informativa.
Boatos, teses estapafúrdias, teorias conspiratórias e ideologias tóxicas, claro, sempre circularam pelo mundo; agora, encontraram um veículo ideal de difusão. O terraplanista, de todo modo, é um preço razoável a pagar pela expansão das possibilidades de nos expressarmos sem amarras.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br /opiniao /2017/10/1925264 -formato-global.shtml. Acesso em: 08 out. 2017.
De acordo com o texto, uma das perspectivas otimistas em relação à internet está neste trecho:
a) “... tribos exóticas que passaram a existir ou ganharam visibilidade...”
b) “... movimentos terraplanistas modernos existem pelo menos desde os anos 50...”
c) “... ninguém mais está condenado à solidão. ”
d) “... tais comunidades se tornem cada vez mais radicai
e descoladas da realidade.”

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