FGV Administração 2011 – Questão 27

Linguagens / Português / Língua e Funções / Interpretação de texto
O orador representava a Nação [o Brasil] como um charco de vinte províncias, estagnadas na modorra paludosa da mais desgraçada indiferença. Os germens da vida perdem-se na vasa profunda; à superfície de coágulos de putrefação, borbulha, espaçadamente, o hálito mefítico do miasma, fermentado ao sol, subindo a denegrir o céu, com a vaporização da morte. Os pássaros calados fogem; as poucas árvores próximas no ar pesado, debruçam-se uniformes sobre si mesmas num desânimo vegetativo, que parece crescer, descendo – prosperidade melancólica de salgueiros. O horizonte limpo, remoto, desfere golpes de luz oblíqua, reptil, que resvalam, espelhando faixas paralelas, imóveis, sobre o dormir da lama.
(...)
E não é o teto de brasa dos estios tropicais que nos oprime. Ah! como é profundo o céu do nosso clima material! Que irradiação de escapadas para o pensamento a direção dos nossos astros! O pântano das almas é a fábrica imensa de um grande empresário, organização de artifício, tão longamente elaborada, que dir-se-ia o empenho madrepórico de muitos séculos, dessorando em vez de construir. É a obra moralizadora de um reinado longo, é o transvasamento de um caráter, alagando a perder de vista a superfície moral de um império – o desmancho nauseabundo, esplanado, da tirania mole de um tirano de sebo!...
Raul Pompeia, O Ateneu
A visão da história do Brasil como inerte e repetitiva, marcante no excerto, deve grande parte de sua força literária ao fato de o texto empregar, em sua construção,
a) personificações satíricas, que concretizam visualmente
as ideias.
b) a enumeração caótica de elementos díspares.
c) metáforas que se desdobram, constituindo alegorias.
d) a reiteração de afirmações irônicas.
e) a alternância dos discursos direto e indireto

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