Leia o texto para responder.
Temple Grandin empacou diante da porteira. Alguns parafusos cravados na madeira lhe saltaram aos olhos."Tem que limar a cabeça desses parafusos, se não o gado pode se machucar”; aconselhou à dona da fazenda,Carmen Perez, que ao lembrar a cena comentou: "Sempre passo no curral antes do manejo, observo tudo, dizem que tenho olho biônico, e ela notou uma coisa que eu não tinha visto.".
Grandin tem um parafuso a mais quando se trata do bem-estar dos bichos. Professora de ciência animal, ela é autista e dona de uma hipersensibilidade visual e auditiva.Tocada pelas angústias do gado desde a juventude, ela compreendia por que a rês recuava na hora da vacinação,por que atacava um vaqueiro, por que tropeçava, por que mugia. Grandin traduziu esse entendimento em projetos que propunham mudanças no manejo. Hoje, instalações criadas por ela são familiares a quase metade dos bovinos nos Estados Unidos. O Brasil, com seus quase 172 milhões de cabeças de gado, segundo o Censo Agropecuário de 2017, vem aos poucos fazendo ajustes alinhados com as propostas da americana.
Em julho passado, Grandin, hoje com 71 anos, veio ao Brasil pela sexta vez. Na fazenda Orvalho das Flores,localizada em Barra do Garças (MT), ela testemunhou como a equipe de Perez conduz suas 2 980 cabeças de Nelore, raça predominante no país. Os vaqueiros massa -geiam os bezerros, não gritam com os bois, tampouco deixam capas de chuva, correntes ou chapéus no caminho dos animais.
A engenheira agrônoma Maria Lucia Pereira Lima foi aluna de pós-doutorado de Grandin na Universidade do Estado do Colorado, em Fort Collins, em 2013. Viajara aos Estados Unidos para aprender como medir o bem-estar dos bovinos e se inteirar de inovações que pudessem ser implantadas em currais brasileiros. Uma delas, por exemplo, tranquiliza o animal conduzido à vacinação: o gado em geral se via obrigado a passar espremido por espaços afunilados. Grandin projetou um acesso em curva,sem cantos, que dá à rês a ilusão de que voltará ao ponto departida. Outra: uma lâmpada acesa na entrada do tronco de contenção – o equipamento que permite o manejo individual do boi – a indicar o trajeto reduziu em até 90%o uso de choque elétrico durante o processo.
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No auditório da universidade, outros pesquisadores se revezavam no palco discutindo aspectos econômicos e sociais relacionados ao bem-estar animal. O tempo de manejo cai pela metade nos estabelecimentos agropecuários que seguem os manuais de Grandin. De ovos transportados com cuidado nascem pintinhos sadios. Sem falar na melhor qualidade de vida de quem lida com esses bichos. Vaqueiros bem treinados sofrem menos acidentes no trabalho e desenvolvem uma relação mais harmoniosa nos casamentos. “A melhoria do bem-estar animal melhora o bem-estar humano”; afirmou o zootecnista Mateus Paranhos da Costa, da Universidade Estadual Paulista.
Monica Manin <https://tinyurl.com/y8xeoqul>.
Acesso em: 12.10.2018. Adaptado.
Observe os elementos destacados na passagem: "Sempre passo no curral antes do manejo, observo tudo, dizem que tenho olho biônico, e ela notou uma coisa que eu não tinha visto", presente no primeiro parágrafo. As palavras destacadas exercem
a) funções diferentes, pois o primeiro "que" é conjunção integrante e introduz uma oração coordenada, enquanto o segundo "que" é pronome relativo e introduz uma oração explicativa.
b) funções diferentes, pois o primeiro"que" é uma conjunção subordinativa, enquanto o segundo é um pronome relativo, tendo como antecedente o termo"coisa".
c) mesma função, pois ambos são conjunções subordinativas, sendo que o primeiro introduz uma oração substantiva, enquanto o segundo, uma oração adverbial restritiva.
d) mesma função, pois ambos os pronomes "que" retomam vocábulos anteriores, sendo o verbo "dizem" e o substantivo "coisa" seus antecedentes respectivamente.
e) mesma função, pois ambos são conjunções, porém o primeiro "que" é uma conjunção subordinativa, enquanto o segundo, uma conjunção coordenativa.