UNIFESP port e inglês 2007 – Questão 21

Linguagens / Literatura / Realismo e Naturalismo / Realismo / Naturalismo no Brasil
Havia cinco semanas que ali morava, e a vida era sempre a mesma, sair de manhã com o Borges, andar por audiências e cartórios, correndo, levando papéis ao selo, ao distribuidor, aos escrivães, aos oficiais de justiça. (...) Cinco semanas de solidão, de trabalho sem gosto, longe da mãe e das irmãs; cinco semanas de silêncio, porque ele só falava uma ou outra vez na rua; em casa, nada.
“Deixe estar, — pensou ele um dia — fujo daqui e não volto mais.”
Não foi; sentiu-se agarrado e acorrentado pelos braços de D. Severina. Nunca vira outros tão bonitos e tão frescos. A educação que tivera não lhe permitira encará- los logo abertamente, parece até que a princípio afastava os olhos, vexado. Encarou-os pouco a pouco, ao ver que eles não tinham outras mangas, e assim os foi descobrindo, mirando e amando. No fim de três semanas eram eles, moralmente falando, as suas tendas de repouso. Aguentava toda a trabalheira de fora, toda a melancolia da solidão e do silêncio, toda a grosseria do patrão, pela única paga de ver, três vezes por dia, o famoso par de braços.
Naquele dia, enquanto a noite ia caindo e Inácio estirava-se na rede (não tinha ali outra cama), D. Severina, na sala da frente, recapitulava o episódio do jantar e, pela primeira vez, desconfiou alguma cousa. Rejeitou a idéia logo, uma criança! Mas há ideias que são da família das moscas teimosas: por mais que a gente as sacuda, elas tornam e pousam. Criança? Tinha quinze anos; e ela advertiu que entre o nariz e a boca do rapaz havia um princípio de rascunho de buço. Que admira que começasse a amar? E não era ela bonita? Esta outra idéia não foi rejeitada, antes afagada e beijada. E recordou então os modos dele, os esquecimentos, as distrações, e mais um incidente, e mais outro, tudo eram sintomas, e concluiu que sim.
Machado de Assis, Uns braços (trecho).
 Analise as duas ocorrências:
... uma criança!
Criança?

Essas duas passagens mostram que
a) tanto os sentimentos de D. Severina como a sua razão mostravam-lhe que Inácio era ainda muito jovem para se dar às questões do amor.
b) havia duas vozes na consciência de D. Severina: uma lhe proibia o desejo; outra o mostrava como possibilidade.
c) D. Severina via Inácio como uma criança apenas, o que a perturbava muito, por sentir-se atraída por ele.
d) D. Severina rejeitava qualquer possibilidade de uma relação com Inácio, já que não nutria nenhum sentimento pelo rapaz.
e) havia um embate entre a consciência e a educação de D. Severina, o qual a impedia de aceitar o amor do rapaz.

Veja outras questões semelhantes:

UNIFESP port e inglês 2006 – Questão 50
Os 1000 estudantes pesquisados a) são estonianos e portugueses pobres. b) vieram da cidade de Bristol, na Inglaterra, além de Portugal e Dinamarca. c) têm pais com alto grau de escolaridade e alta renda. d) foram selecionados aleatoriamente dentre crianças em idade escolar. e) têm uma dieta composta de muitos alimentos doces e calóricos.
UNIFESP port e inglês 2013 – Questão 30
...
UNIFESP port e inglês 2015 – Questão 16
Analise a capa de um folder de uma campanha de trânsito. Explicitando-se os complementos dos verbos em “Eu cuido, eu respeito.”, obtém-se, em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa: a) Eu a cuido, eu respeito-lhe. b) Eu cuido dela, eu lhe respeito. c) Eu cuido dela, eu a respeito. d) Eu lhe cuido e respeito. e) Eu cuido e respeito-a.
UNIFESP port e inglês 2006 – Questão 32
No poema, a metáfora do espelho é um caminho para a reflexão sobre: ...
UNIFESP s/port e inglês 2007 – Questão 69
Não é minha intenção que não haja escravos... nós só queremos os lícitos, e defendemos (proibimos) os ilícitos. Essa posição do jesuíta Antônio Vieira, na segunda metade do século XVII, ...