UFMG 2012 – Questão 6

Linguagens / Português
Cigarro e bebida
Titularia este artigo com a famosa frase “É proibido proibir”. Ninguém esquece Caetano Veloso vociferando contra1 essa rotina no período da ditadura militar no Brasil. Pois o Planeta a repete contra os fumantes. Como tudo, pode ser boa a luta, mas peca pelo exagero.2 Pois proibir atos individuais tornou-se uma mania mundial e, especialmente, no Brasil. Quanto às ações contra os fumantes, o erro está em querer proibir o cidadão de fumar. O correto é proibi-lo de fazer mal aos outros. Mas a questão principal seria a
diferença de tratamento entre fumante e beberrão. E ambos trazem problemas, mas os da bebida parecem ser mais amplos e com menores chances de defesa às vítimas. No entanto a bebida recebe tratamento de muito glamour. Sempre vem o estímulo gigante e, depois, uma frase tímida, quase inaudível, a recomendar que “Encha a cara, mas não dirija”. Como se o mal estivesse só em dirigir.
Quem fuma prejudica com o cheiro da fumaça; quem bebe, com o da bebida. Quem fuma pode prejudicar o outro com o ardor nos olhos; quem bebe, com as cusparadas indesejadas. O fumante suja a cidade com suas pontas de cigarro, facilmente evitadas, se usassem cinzeiros portáteis ou jogassem no lugar devido; quem bebe fala alto, vomita em qualquer lugar. Uma reação orgânica sem controle3. O fumante fica consciente, já o embriagado perde quase sempre a consciência. Somente fumar mataria individualmente, caso fosse evitado o repasse7 aos fumantes passivos. Ninguém pode evitar o suicídio desejado de ninguém. Mas quem não quer receber a fumaça afasta-se; ao menos tem essa chance. Já do bêbado, é difícil se defender. Ele vem pra cima de qualquer um, ofende, provoca, agride. Em casa, geralmente aterroriza. E ambos matam milhões ao ano. O cigarro, pelas doenças que provoca. Os bêbados, pelos acidentes que causam. São centenas de casos de assassinatos coletivos em função de acidentes provocados pela bebedeira. Todos docilmente tratados como crime culposo, sem nenhum assassino na cadeia.
Ninguém pode se defender de uma carreta dirigida por um bêbado. Ele é muito mais pernicioso à sociedade8. Mais pela violência de que se utiliza, muito em função da bebida. É só levantar as estatísticas de assassinatos que envolvem embriaguez. Bebida causa um mal muito mais amplo, imediato, e com nenhuma chance de defesa. E não sofre crítica veemente nem ações contrárias10 por parte das autoridades. Ao contrário, sempre está em qualquer horário nas novelas, nos filmes, nos comerciais. Enquanto só cresce o cerco ao cigarro.11 [...] Às autoridades caberia sempre a orientação informativa, com vista a educar. Nada mais. E é preciso dar tratamento à bebida semelhante ao dado ao cigarro. Tal como as imagens fortes nos maços, as de carros aos farelos e de pessoas empastadas e decapitadas poderiam estar nos rótulos das garrafas.
COSTA, Pedro Cardoso. Cigarro e bebida.
Disponível em: <http://www.jornaldiadia.com.b /jdd/index.php?option=com_contentview=articleid=8782:cigarro-e-bebida-&catid =41:artigos e-opinioes&Itemid=58>. Acesso em: 10 maio de 2011. (Adaptado)

 
Assinale a alternativa em que se apresenta o argumento do autor para defender sua tese no texto.
a) A bebida é mais prejudicial que o cigarro, por permitir menos chances de defesa às vítimas.
b) A bebida é tão prejudicial quanto o cigarro, já que ambos matam, mais comumente, apenas quem os utiliza.
c) A campanha contra bebida deve ser mais intensa que a feita contra o cigarro, embora este seja mais prejudicial.
d) A campanha contra cigarro deve ser amenizada, para se poder destacar, também, os males da bebida.

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