UERJ (julho) 2007 – Questão 7

Linguagens / Português / Linguagem Figurada
Olho as minhas mãos
Olho as minhas mãos: elas só não são estranhas
Porque são minhas. Mas é tão esquisito distendê-las
Assim, lentamente, como essas anêmonas do
fundo do mar...
Fechá-las, de repente,
5 Os dedos como pétalas carnívoras!
Só apanho, porém, com elas, esse alimento
impalpável do tempo,
Que me sustenta, e mata, e que vai secretando
 o pensamento
Como tecem as teias as aranhas.
A que mundo
10 Pertenço?
No mundo há pedras, baobás1, panteras,
Águas cantarolantes, o vento ventando
E no alto as nuvens improvisando sem cessar.
Mas nada, disso tudo, diz: “existo”.
15 Porque apenas existem...
Enquanto isto,
O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses
E, cheios de esperança e medo,
Oficiamos rituais, inventamos
20 Palavras mágicas,
Fazemos
Poemas, pobres poemas
Que o vento
Mistura, confunde e dispersa no ar...
25 Nem na estrela do céu nem na estrela do mar
Foi este o fim da Criação!
Mas, então,
Quem urde eternamente a trama de tão velhos
 sonhos?
Quem faz – em mim – esta interrogação?
(QUINTANA, Mário. Apontamentos de história sobrenatural.
Porto Alegre: Globo, 1984.)


 
Vocabulário:
1baobá – árvore comum em regiões secas, rica em reservas de água.


 
As figuras de linguagem são recursos comumente utilizados no texto poético como meio de
afastar-se do significado literal das palavras.
A caracterização da figura de linguagem sublinhada está adequadamente indicada em:
a) “Os dedos como pétalas carnívoras!” (v. 5) – ironia
b) “Como tecem as teias as aranhas.” (v. 8) – metáfora
c) “No mundo há pedras, baobás, panteras,” (v. 11) – metonímia
d) “Águas cantarolantes, o vento ventando” (v. 12) – hipérbole

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