FUVEST 2020 – Questão 44

Linguagens / Literatura
E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et Tartufe? Ai, amiga minha, a resposta é naturalmente a mesma, – também ela comia bem,dormia largo e fofo, – coisas que, aliás, não impedem que uma pessoa ame, quando quer amar. Se esta última reflexão é o motivo secreto da vossa pergunta, deixai que vos diga que sois muito indiscreta, e que eu não me quero senão com dissimulados.
Repito, comia bem, dormia largo e fofo.Chegara ao fim da comissão das Alagoas, com elogios da imprensa; a Atalaia chamou-lhe “o anjo da consolação”.
1E não se pense que este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse; ao contrário, resumindo em Sofia toda a ação da caridade, podia mortificar as novas amigas, e fazer-lhe perder em um dia o trabalho de longos meses. Assim se explica o artigo que a mesma folha trouxe no número seguinte, nomeando, particularizando e glorificando as outras comissárias –“estrelas de primeira grandeza”.
Machado de Assis, Quincas Borba.
No excerto, o autor recorre à intertextualidade, dialogando com a comédia de Molière, Tartufo (1664), cuja personagem central é um impostor da fé. Tal é a fama da peça que o nome próprio se incorporou ao vocabulário,inclusive em português, como substantivo comum, para designar o “indivíduo hipócrita” ou o “falso devoto”. No contexto maior do romance, sugere-se que a tartufice
a) se cola à imagem da leitora, indiscreta quanto aos amores alheios.
b) é ação isolada de Sofia, arrivista social e benemérita fingida.
c) diz respeito ao filósofo Quincas Borba, o que explica o título do livro.
d) se produz na imprensa, apesar de esta se esquivar da eloquência vazia.
e) se estende à sociedade, na qual o cinismo é o trunfo dos fortes.

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