FUVEST 2005 – Questão 4

Linguagens / Português / Semântica / Conceitos Básicos
  O filme Cazuza – O tempo não para me deixou numa espécie de felicidade pensativa. Tento explicar por quê. Cazuza mordeu a vida com todos os dentes. A doença e a morte parecem ter-se vingado de sua paixão exagerada de viver. É impossível sair da sala de cinema sem se perguntar mais uma vez: o que vale mais, a preservação de nossas forças, que garantiria uma vida mais longa, ou a livre procura da máxima intensidade e variedade de experiências?
   Digo que a pergunta se apresenta “mais uma vez” porque a questão é hoje trivial e, ao mesmo tempo, persecutória. (...) Obedecemos a uma proliferação de regras que são ditadas pelos progressos da prevenção. Ninguém imagina que comer banha, fumar, tomar pinga, transar sem camisinha e combinar, sei lá, nitratos com Viagra seja uma boa ideia. De fato não é. À primeira vista, parece lógico que concordemos sem hesitação sobre o seguinte: não há ou não deveria haver prazeres que valham um risco de vida ou, simplesmente, que valham o risco de encurtar a vida. De que adiantaria um prazer que, por assim dizer, cortasse o galho sobre o qual estou sentado?
   Os jovens têm uma razão básica para desconfiar de uma moral prudente e um pouco avara que sugere que escolhamos sempre os tempos suplementares. É que a morte lhes parece distante, uma coisa com a qual a gente se preocupará mais tarde, muito mais tarde. Mas sua vontade de caminhar na corda bamba e sem rede não é apenas a inconsciência de quem pode esquecer que “o tempo não para”. É também (e talvez sobretudo) um questionamento que nos desafia: para disciplinar a experiência, será que temos outras razões que não sejam só a decisão de durar um pouco mais?
(Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo)
Considere as seguintes afirmações:
I. Os trechos “mordeu a vida com todos os dentes” e “caminhar na corda bamba e sem rede” podem ser compreendidos tanto no sentido figurado quanto no sentido literal.
II. Na frase “De que adiantaria um prazer que (...) cortasse o galho sobre o qual estou sentado”, o sentido da expressão sublinhada corresponde ao de “se está sentado”.
III. Em “mais uma vez”, no início do segundo parágrafo, o autor empregou aspas para indicar a precisa retomada de uma expressão do texto.
 
Está correto o que se afirma em
a) I, somente.
b) I e II, somente.
c) II, somente.
d) II e III, somente.
e) I, II e III.
Esta questão recebeu 8 comentários

Veja outras questões semelhantes:

FUVEST 2005 – Questão 21
Um supermercado adquiriu detergentes nos aromas limão e coco. A compra foi entregue, embalada em 10 caixas, com 24 frascos em cada caixa. Sabendo-se que cada caixa continha 2 frascos de detergentes a mais no aroma limão do que no aroma coco, o número de frascos entregues, no aroma limão, foi a) 110. b) 120. c) 130. d) 140. e) 150.
FUVEST 2007 – Questão 64
“‘Muito!’, disse quando alguém lhe perguntou se gostara de um certo quadro.” Se a pergunta a que se refere o trecho fosse apresentada em discurso direto, a forma verbal correspondente a “gostara” seria a) gostasse. b) gostava. c) gostou. d) gostará. e) gostaria.
FUVEST 2014 – Questão 86
Para a caracterização do subúrbio, o poeta lança mão, principalmente, da(o) a) personificação. b) paradoxo. c) eufemismo. d) sinestesia. e) silepse.
Base dudow 2000 – Questão 11
Assinale o único item incorreto. São características do Romantismo: a) Tendência patriótica e nacionalista. b) Exagero na emoção e no sentimento. c) Preocupação formal. d) Reação aos modelos clássicos. e) Idealização.
FUVEST 2015 – Questão 30
Ao comentar o bilhete de Virgília, o narrador se vale, principalmente, do seguinte recurso retórico: ...