FUVEST 2005 – Questão 3

Linguagens / Português / Semântica / Conceitos Básicos
  O filme Cazuza – O tempo não para me deixou numa espécie de felicidade pensativa. Tento explicar por quê. Cazuza mordeu a vida com todos os dentes. A doença e a morte parecem ter-se vingado de sua paixão exagerada de viver. É impossível sair da sala de cinema sem se perguntar mais uma vez: o que vale mais, a preservação de nossas forças, que garantiria uma vida mais longa, ou a livre procura da máxima intensidade e variedade de experiências?
   Digo que a pergunta se apresenta “mais uma vez” porque a questão é hoje trivial e, ao mesmo tempo, persecutória. (...) Obedecemos a uma proliferação de regras que são ditadas pelos progressos da prevenção. Ninguém imagina que comer banha, fumar, tomar pinga, transar sem camisinha e combinar, sei lá, nitratos com Viagra seja uma boa ideia. De fato não é. À primeira vista, parece lógico que concordemos sem hesitação sobre o seguinte: não há ou não deveria haver prazeres que valham um risco de vida ou, simplesmente, que valham o risco de encurtar a vida. De que adiantaria um prazer que, por assim dizer, cortasse o galho sobre o qual estou sentado?
   Os jovens têm uma razão básica para desconfiar de uma moral prudente e um pouco avara que sugere que escolhamos sempre os tempos suplementares. É que a morte lhes parece distante, uma coisa com a qual a gente se preocupará mais tarde, muito mais tarde. Mas sua vontade de caminhar na corda bamba e sem rede não é apenas a inconsciência de quem pode esquecer que “o tempo não para”. É também (e talvez sobretudo) um questionamento que nos desafia: para disciplinar a experiência, será que temos outras razões que não sejam só a decisão de durar um pouco mais?
(Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo)
Quando o autor pergunta: “para disciplinar a experiência, será que temos outras razões que não sejam só a decisão de durar um pouco mais?”, ele
a) refuta a validade das experiências que sejam vividas sem muita disciplina.
b) desconfia da decisão de quem disciplina uma experiência para fazê-la durar mais tempo.
c) considera que prolongar a vida pode ser o único motivo para vivermos com prudência.
d) duvida de que a disciplina de uma experiência nos leve à decisão de prolongarmos a vida.
e) questiona a idéia de que a experiência é a melhor base para a tomada de decisões.
Esta questão recebeu 1 comentário

Veja outras questões semelhantes:

FUVEST 2017 – Questão 58
A figura foi obtida em uma câmara de nuvens, equipamento que registra trajetórias deixadas por partículas eletricamente carregadas. Na figura, são mostradas as trajetórias dos produtos do decaimento de um isótopo do hélio (He26) em repouso: um...
FUVEST 2011 – Questão 55
Francisco José de Goya y Lucientes, 03 de maio [de 1808] em Madri. ...
FUVEST 2021 – Questão 8
Um aplicativo de videoconferências estabelece, para cada reunião, um código de 10 letras, usando um alfabeto completo de 26 letras. A quantidade de códigos distintos possíveis está entre Note e adote: log1013 ≅1,114; 1 bi = 109 a) 10 bilhões e 100 bilhões. b) 100 bilhões e 1 trilhão. c) 1 trilhão e 10 trilhões. d) 10 trilhões e 100 trilhões. e) 100 trilhões e 1 quatrilhão.
FUVEST 2012 – Questão 7
Considere as afirmativas, o mapa, o gráfico e a imagem das casas semissoterradas, na China, para responder à questão. Science & Vie. Climat 2009. Está correto o que se afirma em a) I e II, apenas. b) II e III, apenas. c) I, III e IV, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV.
FUVEST 2012 – Questão 49
No contexto, o verbo “enche” indica a) habitualidade no passado. b) simultaneidade em relação ao termo “ascensão”. c) ideia de atemporalidade. d) presente histórico. e) anterioridade temporal em relação a “reino lusitano”.