FGV 2012 – Questão 25

Linguagens / Português
Leia o seguinte texto, que é parte de uma entrevista concedida por Érico Veríssimo a Clarice Lispector:
 
– Érico, por que você acha que não agrada aos críticos e aos intelectuais?
– Para começo de conversa, devo confessar que não me considero um escritor importante. Não sou  um inovador1. Nem mesmo um homem inteligente. Acho que tenho alguns talentos que uso bem... mas  que acontece serem os talentos menos apreciados pela chamada “crítica séria”, como, por exemplo, o de contador de histórias. Os livros que me deram popularidade2, como Olhai os lírios do campo, são romances medíocres. Nessa altura me pespegaram* no lombo literário3 vários rótulos: escritor para mocinhas, superficial etc...O que vem depois dessa
primeira fase é bastante melhor mas, que diabo4! pouca gente (refiro-me aos críticos apressados) se dá ao trabalho de revisar opiniões antigas e alheias5.
Por outro lado, existem os “grupos”6. Os esquerdistas sempre me acharam “acomodado”. Os direitistas me consideram comunista7. Os moralistas e reacionários me acusam de imoral e subversivo. Havia ainda essa história cretina de “norte contra sul”. E ainda essa natural má vontade8 que cerca todo escritor que vende livro, a ideia de que  best-seller tem de ser necessariamente um livro inferior.
Some tudo isto, Clarice, e você não terá ainda uma resposta satisfatória à sua pergunta. Mas devo  acrescentar que há no Brasil vários críticos que agora me levam a sério, principalmente depois que publiquei O tempo e o vento. (Bons sujeitos!)
(Clarice Lispector. Entrevistas. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.)
 
* pespegaram: aplicaram.
Ao final de sua carreira literária, a entrevistadora de Érico Veríssimo, Clarice Lispector, escreveu A hora da estrela, livro em que a história da migrante nordestina Macabéa enseja, entre outros aspectos da obra,
a) uma retomada da narração direta e objetiva que caracterizou o Regionalismo em literatura.
b) uma paródia mordaz do clássico Vidas Secas, de Gra - ciliano Ramos.
c) um amplo retrato satírico da vida cotidiana da elite carioca.
d) um questionamento radical da validade e do alcance da própria literatura.
e) um confronto entre a autenticidade da cultura de massa e o artificialismo da cultura erudita.

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