ENEM PPL Linguagens e Matemática 2011 – Questão 116

Linguagens / Português
O nascimento da crônica
Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lia, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e La glace est rompue está começada a crônica. 
Mas, leitor amigo, esse meio é mais velho ainda do que as crônicas, que apenas datam de Esdras. Antes de Esdras, antes de Moisés, antes de Abraão, Isaque e Jacó, antes mesmo de Noé, houve calor e crônicas. No paraíso é provável, é certo que o calor era mediano, e não é prova do contrário o fato de Adão andar nu. Adão andava nu por duas razões, uma capital e outra provincial. A primeira é que não havia alfaiates, não havia sequer casimiras; a segunda é que, ainda havendo-os, Adão andava baldo ao naipe. Digo que esta razão é provincial, porque as nossas províncias estão nas circunstâncias do primeiro homem. 
ASSIS, M. In: SANTOS, J .F. As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007 (fragmento)
 
Um dos traços fundamentais da vasta obra literária de Machado de Assis reside na preocupação com a expressão e com a técnica de composição. Em O nascimento da crônica, Machado permite ao leitor entrever um escritor ciente das características da crônica, como
a) texto breve, diálogo com o leitor e registro pessoal de fatos do cotidiano.
b) síntese de um assunto, linguagem denotativa, exposição sucinta.
c) linguagem literária, narrativa curta e conflitos internos.
d) texto ficcional curto, linguagem subjetiva e criação de tensões.
e) priorização da informação, linguagem impessoal e resumo de um fato.
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