Base dudow 072 2000 – Questão 53

Linguagens / Literatura / Pré-Modernismo / Augusto R Carvalho dos Anjos
Texto   1
O morcego
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: 
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
 
"Vou mandar levantar outra parede..."
Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho.
Circularmente sobre a minha rede!
 
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
 
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra 
Imperceptivelmente em nosso quarto!
(Anjos. Augusto. Obra Completa. 1994)
 
Texto 2
O lugar-comum em que se converteu a imagem de um poeta doentio, com o gosto do macabro e do horroroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto dos Anjos, o olhar clínico, o comportamento analítico, até mesmo certa frieza, certa impessoalidade científica.
(Cunha, F. Romantismo e modernidade na poesia. 
1988)
 
Em consonância com os comentários do texto 2 acerca da poética de Augusto dos Anjos, o poema O Morcego apresenta-se, enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de 
a) reencantar a vida pelo mistério  com que os fatos banais são revestidos na poesia.
b) expressar o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro.
c) representar realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de cunho existencial.
d) abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado e analítico acerca do cotidiano.
e) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e suspense na estrutura lírica da poesia.

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