Inicialmente, deve-se estudar a sociedade no seu aspecto exterior. Considerada sob esse ângulo, aparece como formada por uma massa de população, com uma certa densidade, distribuída de uma certa maneira sobre o terreno, dispersada na zona rural ou concentrada nas cidades etc.; ocupa um território mais ou menos extenso, situado de tal ou qual maneira com referência aos oceanos e aos territórios dos povos vizinhos, cortado mais ou menos intensamente por cursos de água, por vias de comunicação de todos os tipos, que estabelecem uma relação mais frouxa ou mais íntima entre os habitantes. Este território, suas dimensões, sua configuração, a composição da população que se desloca sobre sua superfície são fatores naturalmente importantes da vida social; este é o substrato e, tal como no indivíduo a vida psíquica varia segundo a composição anatômica do cérebro que a sustém, os fenômenos coletivos variam segundo a constituição do substrato social. Existe portanto um lugar para uma ciência social que faça essa anatomia; e visto que esta ciência tem por objeto a forma exterior e material da sociedade, propomos chamá-la de MORFOLOGIA SOCIAL.
(DURKHEIM, p. 42. Organizador: José Albertino Rodrigues. Coordenador: Florestan Fernandes. São Paulo: Ática, 1993.)
No texto, o título "Morfologia Social" é proposto em virtude, principalmente, de essa ciência:
a) tratar da anatomia do cérebro humano;
b) não ter como objeto de estudo os fenômenos sociais;
c) não levar em conta o cérebro humano;
d) questionar a posição da população no que se refere a sua distribuição espacial;
e) ter por objeto a forma externa e material da sociedade.
