Base dudow 046 2000 – Questão 64

Linguagens / Português / Língua e Funções / Interpretação de texto
 Contraveneno
Preciso – mas preciso mesmo – lutar contra o consumo que me arrasa. Preciso da contrapropaganda. Senão me perco e passo a comprar tudo, mesmo sem dinheiro, me endividando toda até a boca. Contraveneno. E termino comprando.
O mingau muito anunciado, um vômito de mingau, mas o que fazer? Compro duas geladeiras! E quantos liquidificadores? Fico tonta. Liquidificador de marca conhecida: roda, roda e expulsa o conteúdo num jato. O mingau doce de se vomitar, grosso, pesado.
É tão anunciado que não se encontra nas lojas do gênero. Sapataria tal e tal, onde é proibido vender caro, onde você apertará seus pés fazendo bolhas, é barato mas machuca demais.
O sorvete que todo o mundo toma? Tem gosto de papelão com açúcar. E o café com gosto de barata. O sapato lhe aperta o pé até esmagá-lo – mas você vai e compra, é obrigado.(...)
A propaganda me entra em casa. Mandam-me uma espécie de aspirina para minhas dores de cabeça. Sou sadia, não tenho dores de cabeça, mas tomo as pílulas. Assim quer Deus. E o mundo.
Mandam-me numa caixa um suco de frutas. Dizem que custa três cruzeiros a garrafinha. É barato ou caro? (...)
Estou arruinada mas feliz.
(Clarice Lispector, Visão do esplendor, 1975. Adaptado) 
Segundo o texto, é possível afirmar que a narradora-personagem
a) não é comedida em seus gastos, mas defende-se da contrapropaganda.
b) pratica o consumo sustentável, ponderando suas reais necessidades.
c) é sempre senhora de suas vontades, porém recorre à contrapropaganda.
d) perde a noção de valor dos produtos, submetendo-se às leis do mercado.
e) não é senhora de suas vontades, embora resista ao consumo compulsivo.

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