Base dudow 046 2000 – Questão 20

Linguagens / Português / Língua e Funções / Interpretação de texto
O fragmento de texto a seguir foi selecionado do capítulo "A forma do livro", da obra de MANGUEL, Alberto. "Uma história da leitura." SP: Companhia das Letras, 1977.
A FORMA DO LIVRO
Minhas mãos, escolhendo um livro que quero levar para a cama ou para a mesa de leitura, para o trem ou para dar de presente, examinam a forma tanto quanto o conteúdo. Dependendo da ocasião e do lugar que escolhi para ler, prefiro algo pequeno e cômodo, ou amplo e substancial. Os livros declaram-se por meio de seus títulos, seus autores, seus lugares num catálogo ou numa estante, pelas ilustrações em suas capas; declaram-se também pelo tamanho. Em diferentes momentos e em diferentes lugares, acontece de eu esperar que certos livros tenham determinada aparência, e, como ocorre com todas as formas, esses traços cambiantes fixam uma qualidade precisa para a definição do livro. Julgo um livro por sua capa; julgo um livro por sua forma.
Desde os primórdios, os leitores exigiram livros em formatos adaptados ao uso que pretendiam lhes dar. As tabuletas mesopotâmicas eram geralmente blocos de argila quadrados, às vezes oblongos, de cerca de 7,5 centímetros de largura; cabiam confortavelmente na mão. Um livro consistia de várias dessas tabuletas, mantidas talvez numa bolsa ou caixa de couro, de forma que o leitor pudesse pegar tabuleta após tabuleta numa ordem predeterminada. É possível que os mesopotâmicos também tivessem livros encadernados de modo parecido ao dos nossos volumes: monumentos funerários de pedra neo-hititas representam alguns objetos semelhantes a códices - talvez uma série de tabuletas presas umas às outras dentro de uma capa -, mas nenhum livro desses chegou até nós.
Nem todos os livros da Mesopotâmia destinavam-se a ser segurados na mão. Existem textos escritos em superfícies muito maiores, tais como o Código de Leis da Média Assíria, encontrado em Assur e datado do século XII a.C., que mede 6,2 metros quadrados e traz o texto em colunas de ambos os lados. Obviamente, esse "livro" não se destinava a ser carregado, mas erguido e consultado como obra de referência. Nesse caso, o tamanho devia ter também um significado hierárquico: uma tabuleta pequena poderia sugerir um negócio privado; um livro de leis nesse formato tão grande com certeza aumentava, aos olhos do leitor mesopotâmico, a autoridade das leis.
A tese anunciada pelo autor no primeiro parágrafo é:
a) a aparência de um livro não pesa na escolha feita por um leitor mais criterioso.
b) a forma de um livro é uma característica pouco relevante para o autor.
c) a forma de um livro antecipa um julgamento do leitor.
d) leitores em geral ignoram o conteúdo dos livros ao realizarem suas escolhas.
e) a aparência do livro é decisiva apenas para leitores pouco letrados. 
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