Base dudow 045 2000 – Questão 41

Linguagens / Literatura / Modernismo Brasileiro: 2a Fase / Graciliano Ramos
"[...] Não resguardei os apontamentos obtidos em largos dias e meses de observação: num momento de aperto fui obrigado a atirá-los na água. Certamente me irão fazer falta, mas terá sido uma perda irreparável? Quase me inclino a supor que foi bom privar-me desse material. Se ele existisse, ver-me-ia propenso a consultá-lo a cada instante, mortificar-me-ia por dizer com rigor a hora exata de uma partida, quantas demoradas tristezas se aqueciam ao sol pálido, em manhã de bruma, a cor das folhas que tombavam das árvores, num pátio branco, a forma dos montes verdes, tintos de luz, frases autênticas, gestos, gritos, gemidos. Mas que significa isso? Essas coisas verdadeiras podem não ser verossímeis. E se esmoreceram, deixá-las no esquecimento: valiam pouco, pelo menos imagino que valiam pouco. Outras, porém, conservaram-se, cresceram, associaram-se, e é inevitável mencioná-las. Afirmarei que sejam absolutamente exatas? Leviandade. [...] Nesta reconstituição de fatos velhos, neste esmiuçamento, exponho o que notei, o que julgo ter notado. Outros devem possuir lembranças diversas. Não as contesto, mas espero que não recusem as minhas: conjugam-se, completam-se e me dão hoje impressão de realidade. [...]"
 
Graciliano Ramos. Memórias do cárcere. Rio, São Paulo: Record, 
1984.
A relação entre autor e narrador pode assumir feições diversas na literatura. Pode-se dizer que tal relação tem papel fundamental na caracterização de textos que, a exemplo do livro de Graciliano Ramos, constituem uma autobiografia  — gênero literário definido como relato da vida de um indivíduo feito por ele mesmo. 
A partir dessa definição, é possível afirmar que o caráter autobiográfico de uma obra é reconhecido pelo leitor em virtude de: 
a) Conteúdo verídico das experiências pessoais e coletivas relatadas; 
b) Identidade de nome entre autor, narrador e personagem principal; 
c) Possibilidade de comprovação histórica de contextos e fatos narrados; 
d) Notoriedade do autor e de sua história junto ao público e à sociedade.
Esta questão recebeu 1 comentário

Veja outras questões semelhantes:

UNESP (julho) 2011 – Questão 17
Embora em muitas versões da letra de Boiadeiro apareça escrita no terceiro verso a palavra cabeças, no plural, no canto essa palavra deve ser entoada no singular. Isso se deve à necessidade de a) eliminar o ruído sibilante do s, que é pouco musical. b) informar que se trata de poucos bois. c) deixar claro que, quando se trata de “gado”, cabeça só se usa no singular. d) manter a sequência do verso com doze sílabas. e) fazer a concordância com pouco e nada.
ENEM Ling (91-135) e Mat (136-180) 2011 – Questão 118
Guardar ...
Base dudow 2000 – Questão 52
Ó meio-dia confuso, ...
Base dudow 2000 – Questão 12
Leia abaixo um soneto de Gregório de Matos: ...
FUVEST 2005 – Questão 5
Considere as seguintes frases: ...