Governador do Distrito Federal demite o gerúndio
“(...) o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, encheu-se de coragem e demitiu o gerúndio – isso mesmo, o tempo do verbo que se tornou uma praga principalmente no serviço público e nos serviços de call center – de todos os órgãos da administração pública da capital.
O inusitado decreto, que tem quatro linhas em quatro artigos, foi assinado pelo governador Arruda, no dia 28, a última sexta-feira. Foi publicado, nesta segunda, na página 19 do Diário Oficial do Governo do Distrito Federal.
O decreto é claro logo em seu artigo primeiro: ‘Fica demitido o gerúndio de todos os órgãos do Governo do Distrito Federal’. E o artigo segundo do decreto continua firme no ataque ao tempo do verbo, ligando-a à deficiência verificada no serviço público: ‘Fica proibido a partir desta data o uso do gerúndio para desculpa de ineficiência’. (...)
De uns tempos para cá – principalmente pela influência da língua inglesa, que o utiliza muito – a burocracia das repartições públicas e os funcionários de call center passaram a usar e a abusar do gerúndio, desgastando-o sobremaneira. Não há quem não tenha ouvido nestes locais locuções como ‘eu vou estar transferindo o senhor’, ‘nós vamos estar providenciando’ e assim por diante, sempre com muito exagero do uso do gerúndio.”
Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 20/01/2019.
De acordo com a gramática normativa, o gerúndio deve ser utilizado apenas em situações específicas, como
a) nas orações adverbiais, indicando circunstâncias como tempo, causa, modo, entre outras.
b) indicar uma ação contínua, ou seja, uma ação que está em andamento, finalizada no momento em que se fala.
c) forma nominal do verbo que indica ações futuras usando dois ou mais verbos para isso.
d) forma nominal que expressará o resultado do fato verbal, ou seja, indicará uma ação já realizada.
e) expressar uma ação em curso ou para exprimir a ideia de progressão definida de um tempo verbal.