UNIFESP port e inglês 2014 – Questão 17

Linguagens / Português
                        Poetas e tipógrafos

    Vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta João Cabral de Melo Neto foi a um médico por causa de sua crônica dor de cabeça. Ele lhe receitou exercícios físicos, para “canalizar a tensão”. João Cabral seguiu o conselho. Comprou uma prensa manual e passou a produzir à mão, domesticamente, os próprios livros e os dos amigos. E, com tal “ginástica poética”, como a chamava, tornou-se essa ave rara e fascinante: um editor artesanal.
  Um livro recém-lançado, “Editores Artesanais Brasileiros”, de Gisela Creni, conta a história de João Cabral e de outros sonhadores que, desde os anos 50, enriqueceram a cultura brasileira a partir de seu quarto dos fundos ou de um galpão no quintal.
   O editor artesanal dispõe de uma minitipografia e faz tudo: escolhe a tipologia, compõe o texto, diagrama-o, produz as ilustrações, tira provas, revisa, compra o papel e imprime – em folhas soltas, não costuradas – 100 ou 200 lindos exemplares de um livrinho que, se não fosse por ele, nunca seria publicado. Daí, distribui-os aos subscritores (amigos que se comprometeram a comprar um exemplar). O resto, dá ao autor. Os livreiros não querem nem saber.    Foi assim que nasceram, em pequenos livros, poemas de – acredite ou não – João Cabral, Manuel Bandeira, Drummond, Cecília Meireles, Joaquim Cardozo, Vinicius de Moraes, Lêdo Ivo, Paulo Mendes Campos, Jorge de Lima e até o conto “Com o Vaqueiro Mariano” (1952), de Guimarães Rosa. E de Donne, Baudelaire, Lautréamont, Rimbaud, Mallarmé, Keats, Rilke, Eliot, Lorca, Cummings e outros, traduzidos por amor.
   João Cabral não se curou da dor de cabeça, mas valeu.
(Ruy Castro. Folha de S.Paulo,
17.08.2013. Adaptado.)
As informações do texto permitem afirmar que
a) a edição artesanal, como a praticada por João Cabral de Melo Neto, permitiu que a cultura nacional fosse enriquecida com obras de expressivos escritores.
b) as edições artesanais, como as de João Cabral de Melo Neto, raramente se destinam à produção de obras literárias para pessoas dos círculos íntimos de convi - vência dos autores.
c) a edição artesanal é uma realidade específica do Brasil, retratando a dificuldade que autores como Vinícius de Moraes e Guimarães Rosa tiveram para publicar suas obras.
d) a venda de uma edição artesanal se dá com um grande volume de livros, razão pela qual desperta grande interesse comercial e cultural dos editores no Brasil.
e) os livreiros normalmente têm pouco interesse por livros artesanais, como os de Manuel Bandeira e Cecília Meireles, por considerarem-nos uma forma menor de expressão artística.

Veja outras questões semelhantes:

UFSCar - Por e Ing 2005 – Questão 2
A palavra recorrente, no penúltimo parágrafo do texto, tem o sentido de a) requerer b) socorrer c) desentender-se d) retornar e) vencer
Base dudow 2000 – Questão 29
O sinal indicador de crase é obrigatório na alternativa: a) Ficava horas a ouvir música. b) Abraço a causa até as últimas consequências. c) Convidou-me para uma visita a sua casa. d)A partir do momento em que resolveu, ficou decididamente exigente. e) A noite, no largo do Bonsucesso, haverá mais dois comícios.
ENEM PPL - Linguagens e Humanas 2022 – Questão 39
...
FAMERP 2016 – Questão 67
“Sem olhar para os lados, por pudor talvez, sem querer espiar as mesas da confeitaria onde possivelmente algum conhecido tomava sorvete”. A preposição destacada assume valor semântico semelhante ao que se verifica na frase: a) A crítica tem Machado de Assis por um grande autor. b) Há ainda algumas questões por fazer. c) Ficaremos na Europa por cinco dias. d) As tropas cercaram os inimigos por terra e por mar. e) Muitas pessoas vão cedo para casa por medo.
UNICAMP 2018 – Questão 62
Estrangeirismos são palavras e expressões de outras línguas usadas correntemente em nosso cotidiano. Sobre o emprego de palavras estrangeiras no português, o linguista Sírio Possenti comenta: Tomamos alguns verbos do inglês e os adaptamos a...