UNESP (julho) 2010 – Questão 60

Linguagens / Português / Língua e Funções / Interpretação de texto
Texto 1
 
Porque morrer é uma ou outra destas duas coisas: ou o morto não tem absolutamente nenhuma existência, nenhuma consciência do que quer que seja, ou, como se diz, a morte é precisamente uma mudança de existência e, para a alma, uma migração deste lugar para um outro. Se, de fato, não há sensação alguma, mas é como um sono, a morte seria um maravilhoso presente. […] Se, ao contrário, a morte é como uma passagem deste para outro lugar, e, se é verdade o que se diz que lá se encontram todos os mortos, qual o bem que poderia existir, ó juízes, maior do que este? Porque, se chegarmos ao Hades, libertando-nos destes que se vangloriam serem juízes, havemos de encontrar os verdadeiros juízes, os quais nos diria que fazem justiça acolá: Monos e Radamante, Éaco e Triptolemo, e tantos outros deuses e semideuses que foram justos na vida; seria então essa viagem uma viagem de se fazer pouco caso? Que preço não seríeis capazes de pagar, para conversar com Orfeu, Museu, Hesíodo e Homero?
(Platão. Apologia de Sócrates, 2000.)

Texto 2

Ninguém sabe quando será seu último passeio, mas agora é possível se despedir em grande estilo. Uma 300C
Touring, a versão perua do sedã de luxo da Chrysler, foi transformada no primeiro carro funerário customizado da América Latina. A mudança levou sete meses, custou R$ 160 mil e deixou o carro com oito metros de comprimento e 2 340 kg, três metros e 540 kg além da original. O Funeral Car 300C tem luzes piscantes na já imponente dianteira e enormes rodas, de aro 22, com direito a pequenos caixões estilizados nos raios. Bandeiras nas pontas do capô, como nos carros de diplomatas, dão um toque refinado. Com o chassi mais longo, o banco traseiro foi mantido para familiares acompanharem o cortejo dentro do carro. No encosto dos dianteiros, telas exibem mensagens de conforto. O carro faz parte de um pacote de cerimonial fúnebre que inclui, além do cortejo no Funeral Car 300C, serviços como violinistas e revoada de pombas brancas no enterro.
(Funeral tunado. Folha de S.Paulo, 28.02.2010.)

 

Após análise dos dois textos, pode-se afirmar que:
a) o texto 1 é de natureza fictícia, e portanto não baseado
em fatos históricos.
b) Platão não apela a entidades míticas para justificar sua
concepção positiva sobre a morte.
c) Platão faz alusão a um fato histórico fundamental para
a filosofia ocidental: as circunstâncias da morte de
Sócrates.
d) o texto 2 trata do caráter sagrado e religioso dos
funerais em nossa sociedade.
e) o texto 1 evidencia que a morte não é um tema
filosófico.
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