[...]
Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria
dali. Aparecera como um bicho, entocado como
um bicho, mas criara raízes, estava plantado. [...]
Ele, sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia
estavam agarrados à terra.
[...]
Entristeceu. Considerar plantado em uma terra
alheia! Engano. A sina dele era correr mundo, andar
para cima e para baixo, à toa, como judeu errante.
Um vagabundo empurrado pela seca. Achava-se ali
de passagem, era hóspede. Sim senhor, hóspede
que se demorara demais, tomava amizade à casa,
ao curral, ao chiqueiro das cabras, ao juazeiro que
os tinha abrigado uma noite.
Graciliano Ramos. Vidas Secas. Editora Record, RJ/SP, 2017, p. 19.
Sobre o aspecto sociológico de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, assinale a alternativa correta.
a) O drama narrado por Graciliano Ramos por meio dos personagens Fabiano e Sinhá Vitória trata-se de uma criação literária sem correspondência com a realidade social da época.
b) O autor procura demonstrar, a partir da história de Fabiano e Sinhá Vitória, as aventuras de uma família de retirantes, em busca de água e comida, que passa a viajar pelo nordeste brasileiro apresentando as belezas e riquezas do sertão.
c) Na história, Fabiano é um viajante que não estabelece vínculos com os locais por onde passa, por não se considerar pertencente a esses espaços, escolhendo uma vida errante em meio ao sertão nordestino.
d) Apesar de verdadeira, a história de Fabiano e Sinhá Vitória trata-se de um caso isolado e pouco pode dizer a respeito das condições sociais da vida no sertão nordestino.
e) O segundo trecho apresentado aponta para o drama, ainda atual, vivido por milhares de pessoas no sertão nordestino, que, devido às condições de escassez, concentração das terras nas mãos de poucos proprietários e dificuldades para encontrar trabalho, obriga famílias inteiras a viverem em busca de condições de existência, nas quais possam se sentir humanas.