Base dudow 063 2000 – Questão 75

Linguagens / Português EF / Semântica / Leitura e interpretação de texto
PASSO NO RUMO CERTO
Na semana passada, a claque*1 convocada para a inauguração de um aeroporto na cidade mineira de Uberlândia ouviu de Lula a seguinte frase: “Quero dizer que a crise é extremamente grave. Em horas de crise é preciso ter muita paciência para não tomar decisão precipitada, não se deixar levar pelo estado emocional, mas, sim, pela razão.” Embora o presidente já tenha se manifestado a respeito da difícil situação política em diversas ocasiões (não raro para negar a sua realidade, como se tudo não passasse de uma alucinação coletiva promovida por prestidigitadores da elite, mas deixemos isso de lado), foi a primeira vez que ele uniu à palavra “crise” um advérbio de intensidade, “extremamente”, e um adjetivo grandiloquente, “grave”. O encadeamento de tais termos permite supor que Lula finalmente (no que pode ser considerado um advérbio de alívio) reconheceu a existência de fissura ética, política e criminosa que há mais de 100 dias se aprofunda mais e mais, levando o governo de cambulhada*2.
 
Nessa hipótese, e não se quer aqui evocar o doutor Pangloss, aquele personagem de Voltaire para quem todos vivíamos no melhor dos mundos, é uma ótima notícia o presidente ter admitido que o horizonte anda carregado. Pelo simples motivo de que, para sanar um problema, qualquer que seja ele, é preciso antes de mais nada reconhecer sua existência. Caberia agora a Lula contribuir para que a resolução da crise seja efetiva, não deixando margem à impressão olfativa de que tudo terminará em pizza. O presidente volta e meia afirma que não tem como interferir no andamento das investigações e das punições. Não é verdade. Pelo peso de seu cargo, e sem extrapolar suas atribuições constitucionais, Lula, pode sim, proceder a que corrompidos e corrompedores, no Legislativo e no Executivo, sintam na carne e na biografia que não sairão impunes dos crimes de desvio de dinheiro público, formação de quadrilha e tráfico de influência. Ao empenhar-se com afinco nesse objetivo, movido pela razão e sem emocionalismos, o presidente prestaria ao mesmo tempo um grande serviço ao Brasil e a si próprio.
VEJA, Editorial, 7 jul. de 2005.
*1 claque – reunião de pessoas combinadas para aplaudirem nos teatros
*2 de cambulhada - em confusão
No editorial citado, a revista Veja defende:
a) a participação ativa da Presidência da República, para garantir a punição dos políticos envolvidos com a corrupção.
b) uma investigação cautelosa das denúncias de corrupção, para evitar decisões precipitadas, seja do Legislativo, seja do Executivo.
c) a isenção e o distanciamento da Presidência, que deve respeitar o princípio da autonomia do Legislativo.
d) a investigação sobre a responsabilidade de membros do Executivo e do próprio presidente Lula nos casos de corrupção.
e) a concretização de um acordo entre os partidos para pôr fim à crise e permitir aretomada das atividades rotineiras do Legislativo.

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