IDENTIDADE CULTURAL: LÍNGUA
E SOBERANA
Toda a riqueza do conceito de cultura vem da própria origem da palavra, do Latim “cultivare”, cultivar. Espíritos mais práticos perguntariam: por que gastar o seu latim nestes tempos descartáveis que vivemos? Uma resposta óbvia – pelo menos para aqueles que lidam diretamente com a língua portuguesa e lutam pela sua preservação – é que ela é conhecida como “a última flor do Lácio”, ou seja, foi a última ramificação do Latim e, por obra e graça de uma pequena nação de desbravadores, Portugal, espalhou-se pelo mundo, fincando raízes na América do Sul (Brasil), na África (Angola, Moçambique) e na Ásia (Goa, na Índia; Macau, na China; e Timor Leste, na Indonésia), tornando-se, entre as 6000 línguas do mundo, aquela falada por 200 milhões de pessoas – o rico universo da lusofonia. (...)
Para avaliar a importância atual da língua portuguesa, bastam dois dados concretos: ela é hoje falada por 4% da população mundial, numa área de aproximadamente 8% do globo terrestre. Pensando no caso do Brasil, país de dimensões continentais que detém o maior continente de pessoas falando o português, devemos estar atentos para o fato de que a língua entre nós é uma entidade viva, num processo de constante mutação.
A explosão audiovisual promovida por novos meios de comunicação, como o cinema, o rádio e a televisão, e, mais recentemente, a revolução provocada pelos computadores e pela internet, tendem a produzir, a todo o momento, palavras novas na língua e a “deletar” as antigas. A nossa opção de “bom português” não deve mais ser regida pela noção de “certo” e “errado”, mas pelos conceitos de “adequado” e “inadequado”.
Não podemos nunca defender a existência de um apatheid linguístico, separando o falar do rico e o do pobre. Temos uma realidade plurilinguística, levando em conta basicamente que a norma culta deve ser obedecida, sobretudo nos códigos escritos. A compreensão desse fato enseja uma profunda mudança no ensino do português, sabendo-se que é o povo que faz a língua. Pode-se concluir daí que a leitura liberta e nos leva a conhecer melhor o mundo, o outro e a nós mesmos. A linguagem manifesta a liberdade criadora do homem.
Arnaldo Niskier – FOLHA DE S. PAULO
A palavra lusofonia, no texto, refere-se ao conjunto de:
a) falantes da língua portuguesa.
b) sons da língua portuguesa.
c) simpatizantes da língua portuguesa.
d) dialetos da língua portuguesa.
e) origem da língua portuguesa